segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O meu 2012, em livros (Parte IV) - Economia Light e semelhantes

Economia light e semelhantes

Há muitos que não lia tão pouco sobre economia por lazer, provavelmente consequência do trabalho que já a bastante me obrigava no campo. Com final do curso, a disrupção da mudança de local e de vida, e a sensação de que pelo menos algum do caminho base no campo já está percorrido, outros tópicos foram mais apelativos. Por isso só terá sobrado paciência para aqueles livros de economia "light". Deu para finalmente admirar Dan Ariely em The Upside of Irrationality, mais um dos livros que traduzem para o público resultados curiosos de investigação académica. Não é que seja particular fã do que normalmente se apelida economia comportamental (ou pelo menos alguma da histeria à sua volta deixa-me céptico), mas o livro é bom. É melhor que Superfreakonomics. E é melhor do que Adapt: Why Success Always Starts with Failure, de Tim Harford, o meu desgosto do ano. 


Harford escreveu talvez o segundo livro de economia que eu li na juventude, "O Economista Disfarçado", que me marcou imenso e influenciou a minha escolha de carreira. Uns anos mais tarde li "A Lógica Oculta da Vida", mais um pequeno livro repleto de ideias interessantes. Num movimento que parece ter sido calculado para o tornar um autor de referência, Harford desta vez fez o contrário: escreveu um livro extenso com uma única ideia. Se calhar fez bem; muitos fazem sucesso assim (Chris Anderson, Malcom Gladwell). E permite-o ficar mais associado a uma ideia específica e dar-lhe maior capacidade de influência, enquanto os livros anteriores eram sínteses de muitas ideias de outros autores. Mas Adapt é longo; e a ideia que defende é tão boa que era desnecessário andar em círculos. Ainda está por acabar; não sei se terei vontade de o fazer. Gladwell, que só este ano tive oportunidade de ler, é que faz isto como quase ninguém. Mas ainda assim, quando um livro só tem uma ideia, ou ela é mesmo boa e os exemplos são mesmo interessantes, ou então não há salvação. É por isso que Outliers, sobre as circunstâncias que levam à excelência, é bom; que The Tipping Point, sobre como pequenos pormenores que influenciam uma cascata de consequências, é razoável, e que Blink, sobre a capacidade de percepção quase inconsciente que têm os especialistas, é aborrecido.


De Michael Lewis, para além de Moneyball, este ano passou-me pelas mãos The Big Short: Inside the Doomsday Machine, sobre a crise; e no ano passado tive "Liar's Poker", sobre os excessos vividos pelo próprio em Wall Street há umas décadas. Não sei se é dos livros, se é de umas crónicas sobre a crise europeia que achei disparatadas; mas sinto-me algo isolado na minha incapacidade de gostar do seu trabalho. Falta-me Boomerang, sobre as suas viagens pela Europa nos tempos de crise.

Sem comentários:

Enviar um comentário