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quarta-feira, 4 de julho de 2012

9,7 milhões pelos ares

Os pilotos da TAP ameaçaram nas últimas semanas com 9 dias de greve, divididos entre Julho e Agosto. Recordemos que estamos em época alta, altura mais importante para os resultados das companhias aéreas. Dado que os rendimentos e benefícios adquiridos dos pilotos dependem directamente da saúde financeira da empresa, esperar-se-ia que estes jamais a pusessem em risco por motivos menores. Ora atentemos nas reivindicações dos dedicados trabalhadores:



Provavelmente será o meu olhar pouco isento e maldoso que vê aqui uma pura e simples chantagem como arma negocial. De acordo com a administração da empresa, cuja primeira fase de privatização deverá decorrer ainda este ano, os prejuízos da simples ameaça de greve ascenderam a 9,7 milhões de euros. Este valor faz qualquer comum cidadão parar para pensar. Por que razão não pararam os pilotos?

Não pararam porque não serão eles a pagar. Em primeiro lugar, esperam, provavelmente com razão, que todo e qualquer prejuízo seja coberto pelo Estado. Não há risco da TAP falir e ficarem sem a sua gorducha carteira de benefícios. Os custos que suportarão enquanto contribuintes ou beneficiários de serviços públicos são magros perante os privilégios assegurados.

Acresce que os prejuízos da empresa só servem para diminuir o valor da mesma. Será menor o encaixe dos cofres públicos. O egoismo dos grupos de interesses como os sindicatos dos transportes, mas também organizações corporativas e associações patronais, não é condenável só moralmente. Tem resultados práticos, são milhões que saem daqueles que, como eu e provavelmente o estimado leitor, sustentam este sistema de rendas e privilégios, todos os dias e todos os meses com os nossos impostos.

Entretanto, já voaram mais 9,7 milhões de euros. Uma gota no oceano.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Do descaramento

Dizem os detractores do acordo que uma estação emblemática (e suponho que qualquer outra) não deve ser "propriedade" de uma empresa, nem ver a sua identidade comprometida com um nome comercial.
Em abono da verdade sou obrigado a admitir que acho este nome parolo. Mas meus amigos, acordemos, por instantes, para a vida. Estamos a falar de uma empresa com dívida acumulada de centenas de milhões de euros. Falamos de uma entidade pública que recentemente teve de subir as tarifas para toda a população, mesmo os mais pobres, com vista a tapar um bocadinho do buraco. Mas em que planeta vive esta gente que se indigna que esta mesma empresa procure ir buscar dinheiro a um sítio que não seja o bolso dos contribuintes ou dos seus utentes? Estas "elites", que em todas as grandes cidades são mais vezes do que outras forças de bloqueio e de defesa de interesses instalados, terão noção de que não temos dinheiro infinito? Terão a clarividência de que os milhões da PT, que tanto desprezam, terão de sair de outro lado? Claro que contra-argumentarão: aumentem-se os impostos à PT!
Acho que a vaidade dos que se afirmam como defensor dos mais fracos expõe um impressionante descaramento e hipocrisia. Pensam sempre nos pobres em abstracto, mas que maçada estas medidas tecnocráticas que lhes aliviam a vida. Espero sinceramente passar em breve pela estação Oriente Vodafone Red, Santa Apolónia Galp Orange e outra qualquer cor-de-burro-quando-foge. Se isso representar menos impostos (ou agravamento menor, nos dias que correm) e bilhetes menos caros, serão os mais pobres que ganharão em primeiro lugar. Se os "porcos capitalistas" também ganharem, tanto melhor.