The Dictator's Handbook
, de Bruce
Bueno de Mesquita e Alastair Smith, é mais um dos excelentes livros que li este ano. Serve para divulgar o trabalho académico destes investigadores,
que tentam explicar comportamentos de exercício e manutenção de poder por
ditadores, líderes democráticos e até CEOs com um pequeno modelo de aspectos
relativamente simples. Basicamente, a ideia é que o que importa é a dimensão de
diferentes grupos numa sociedade: aqueles que formam a coligação que sustenta o
líder e aqueles que podem vir a ter
influência na mudança. Numa ditadura, em que há um pequeno grupo que forma a
coligação vencedora, um líder que queira manter o poder apenas tem que agradar
a esse pequeno grupo, bastando para isso distribuir bens por eles e podendo
ignorar políticas e a oferta de bens que beneficiem o público em geral, já que este têm pouca influência. Numa democracia essa coligação vencedora já terá de ser maior, pelo que será mais vantajoso ao líder
realizar melhores políticas do que tentar subornar cada elemento. Há também jogos
de poder entre o líder e a sua coligação de apoio, dado que a capacidade que o
primeiro possa ter para substituir elementos do segundo influencia a dimensão
do “suborno” e do quanto pode o líder guardar para si. É mesmo um livro
bastante interessante, que com um pequeno enquadramento consegue aparentemente
explicar muitos fenómenos de diferentes contextos. Semelhante ao Political
Economy of Dictatorship, de Ronald Wintrobe, que também é interessante para estudantes de economia
interessados em modelizar aspectos de política.
Confidence Men
, de Ron Suskind, relata
boa parte do primeiro mandato de Obama no contexto da crise financeira. Ignorando as partes mais relacionadas com o que realmente aconteceu em Wall
Street, história para a qual a minha paciência já há muito se esgotou, o livro é
interessante exactamente porque cumpre o que promete: dar a sensação de estar
na sala a assistir às discussões entre o Presidente e os elementos do staff.
Vemos um Obama claramente inexperiente, altamente influenciado por elementos ligados à
adminsitração Clinton (Larry Summers, Timothy Geithner, Rahm Emanuel),
principalmente no que toca a assuntos económicos. Estes elementos limitam o debate, que poderia ser útil para um presidente que
aparenta ter demsiadas ideias pré-concebidas sobre economia. Combinando estes
aspectos com um bem intencionado mas talvez “ill-timed” foco na reforma do
sistema de saúde em pleno colapso da economia e do sistema financeiro, confirma
um receio que já se tinha há algum tempo: Obama pode ter muitas qualidades, mas
salta para o posto demasiado cedo. Gostava de ter visto o que teria feito uma
muito mais experiente Hillary Clinton nas mesmas situações. Go Hillary 2016?
Em ano de eleições nos EUA, Nate
Silver foi protagonista após acertar a 100% nos resultados das eleições
presidenciais em cada estado. Terá sido boa promoção para o seu livro, The Signal and the Noise
, que se dedica a explorar como é que diferentes áreas,
desde o baseball até à política, a sismologia e a metereologia, conseguem tratar os dados que têm
e isolar o que é realmente importante e o que é “barulho”. O livro é
bom; escrito por outro autor seria o suficiente para ficar maravilhado. Mas lê-lo em plena
campanha eleitoral, a acompanhar o seu trabalho diariamente e não ler uma
palavra sobre os métodos que o próprio utiliza (embora fale de outros) para o
trabalho que faz no blog FiveThirtyEight acabou por ser desapontante. Muito bom
mesmo assim.
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