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quinta-feira, 17 de março de 2011
Enquanto o mundo olha para as centrais japonesas
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Uma voz dissonante
O ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, assumiu uma posição dissonante da predominante nos últimos dias, sobre a crise no Egipto. O actual responsável do Quarteto para o Médio Oriente considera Mubarak um homem corajoso e uma força para o bem na região.
Concordo com Tony Blair no que toca ao importante papel que Mubarak tem desempenhado como mediador do conflito entre Israel e a Palestina. A manutenção da paz com Israel durante o seu regime tem sido uma das pedras basilares sobre a qual assenta a pouca estabilidade que existe naquela região do globo. Por outro lado, como apontou Blair, não existe no momento nenhuma estrutura partidária moderada e democrática no Egipto que possa concorrer em eleições livres contra a Irmandade Muçulmana. Assim, Tony Blair aconselha caução a todos os que querem uma rápida transição para a democracia, sob pena de se colocar no poder uma facção islamita que poderá não corresponder ao posicionamento ideológico da maioria do povo egípcio.
No entanto, faltou a Tony Blair a explicação para a ausência de alternativas credíveis à Irmandade. Tal deve-se única e exclusivamente à actuação de Mubarak que ao longo de 30 anos nada fez para fomentar organizações civis capazes de preencher o iminente vácuo de poder a que a sua queda irá dar lugar. Resta-nos esperar que nesta última semana a facção moderada se tenha começado a organizar e que os responsáveis do regime moribundo criem as condições necessárias para uma transição o mais tranquila possível.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Agitação no Nilo
Confirmando o efeito de contágio da revolução tunisina, a população egípcia saiu às ruas para tentar derrubar o regime ditatorial de Hosni Mubarak, no poder há quase 30 anos. O regime reagiu cortando o acesso a qualquer tipo de telecomunicação e impondo o recolher obrigatório em todo o território. Neste momento é incerto qual o desfecho deste movimento popular, o maior de sempre durante o actual regime.
Mais incerto ainda é o peso de cada umas correntes de pensamento entre os que se opõem a Mubarak. Por um lado temos os moderados, cuja figura mais representativa é El Baradei, Nobel da Paz e ex-presidente da Agência Internacional de Energia Atómica. El Baradei regressou hoje ao seu país e foi colocado em prisão domiciliária. Mas, ao contrário do que acontece na Tunísia, existem no Egipto consideráveis movimentos islamitas. Não devemos esquecer que foi o islamismo radical egípcio que produziu figuras como Ayman al-Zawahiri, o número dois da Al-Qaeda.
O regime de Mubarak tem sido um consistente aliado dos EUA e dos seus aliados, nomeadamente Israel. O Egipto tem sido moderador no conflito entre israelitas e os palestinianos, apaziguando muitas vezes os ânimos do mundo árabe. Esta postura tem contribuído também para fomentar posições radicais na sua sociedade, o que serve de pretexto para que o país viva sob "estado de emergência" há três décadas. São bem conhecidas as práticas de tortura a suspeitos de terrorismo nas prisões egípcias, tendo estas feito parte dos instrumentos da Guerra ao Terror, promovida pelos EUA na última década. O valor dado a Mubarak pela diplomacia norte-americana ficou, aliás, claro nas últimas revelações da Wikileaks. Foi no Cairo que Barack Obama fez o seu importante discurso de aproximação ao mundo muçulmano.
É impossível saber se o brutal regime de Hosni Mubarak chegará ao fim, poucos meses antes da sua especulada sucessão pelo filho, Gamal Mubarak. Ao contrário de Ben Ali, o presidente egípcio conta com um exército forte que já foi posto nas ruas para o defender. Mubarak, no entanto, já prometeu algumas reformas no país, para responder ao descontentamento da população.Como referiu Alexis de Tocqueville, no século XIX, o momento mais perigoso para um mau governo é quando dá os primeiros passos no sentido das reformas. Se assim for, podemos acalentar a esperança de ver nascer no Egipto um regime democrático, que vá de encontro às aspirações do seu povo e que esteja à altura da história da sua civilização.
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