O ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, assumiu uma posição dissonante da predominante nos últimos dias, sobre a crise no Egipto. O actual responsável do Quarteto para o Médio Oriente considera Mubarak um homem corajoso e uma força para o bem na região.
Concordo com Tony Blair no que toca ao importante papel que Mubarak tem desempenhado como mediador do conflito entre Israel e a Palestina. A manutenção da paz com Israel durante o seu regime tem sido uma das pedras basilares sobre a qual assenta a pouca estabilidade que existe naquela região do globo. Por outro lado, como apontou Blair, não existe no momento nenhuma estrutura partidária moderada e democrática no Egipto que possa concorrer em eleições livres contra a Irmandade Muçulmana. Assim, Tony Blair aconselha caução a todos os que querem uma rápida transição para a democracia, sob pena de se colocar no poder uma facção islamita que poderá não corresponder ao posicionamento ideológico da maioria do povo egípcio.
No entanto, faltou a Tony Blair a explicação para a ausência de alternativas credíveis à Irmandade. Tal deve-se única e exclusivamente à actuação de Mubarak que ao longo de 30 anos nada fez para fomentar organizações civis capazes de preencher o iminente vácuo de poder a que a sua queda irá dar lugar. Resta-nos esperar que nesta última semana a facção moderada se tenha começado a organizar e que os responsáveis do regime moribundo criem as condições necessárias para uma transição o mais tranquila possível.
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