(Este texto foi escrito antes da última noite da convenção, em que discursaram Barack Obama e Joe Biden)
Na semana passada dei aqui conta da convenção Republicana. Esta semana, noutro swing state, a Carolina do Norte, é a vez dos Democratas se juntarem para lançar a campanha de reeleição de Barack Obama. Em mais um evento orquestrado ao mais ínfimo pormenor, têm-se sucedidos os discursos de políticos e de cidadãos comuns que beneficiaram das reformas da administração Obama. Se há 4 anos as atenções se focavam na necessidade de união do partido, após a dura luta contra Hillary Clinton, este ano o presidente pode focar-se inteiramente nos eleitores independentes.
A importância desta convenção é seguramente menor para a formação de opinião dos eleitores do que a dos Republicanos. Ao contrário de Mitt Romney, os cidadãos americanos já conhecem bem o candidato Democrata. Ainda assim, a convenção oferece um palco único, com uma cobertura mediática gratuita ímpar, para a campanha de Obama passar a sua mensagem. Uma delas é seguramente o contraste entre a distância e frieza que apontam a Romney, por oposição a Obama, cuja biografia é o próprio sonho americano. Por outro lado, com a economia pouco mais do que estagnada, o presidente tem de explicar que as suas políticas estão a dar resultado, que a recuperação é lenta por culpa da dimensão da crise e que, sobretudo, os seus planos permitirão uma sociedade mais justa do que a preconizada pelos Republicanos, acusados de quererem cortar os impostos para os mais ricos e diminuírem os apoios aos mais carenciados.
Obama discursará esta madrugada, mas destaco dois excelentes discursos. Na primeira noite, Michelle Obama defendeu, de forma emocionada, o carácter do marido e assegurou a audiência de que o homem que elegeram é o mesmo de há 4 anos. Numa mensagem popular (ou populista...), a primeira-dama garantiu que Obama viveu e compreende os problemas das classes mais baixas e da classe média.
Ontem à noite, o antigo presidente Bill Clinton galvanizou os Democratas em Charlotte com um longo mas cativante discurso. Clinton, que teve uma relação difícil com o ex-rival da esposa nos primeiros anos do mandato, foi incansável na defesa do actual inquilino da Casa Branca. Com a autoridade conferida pelo excepcional desempenho económico e orçamental dos Estados Unidos ao longo do seu mandato e pela sua elevada popularidade, Clinton defendeu que Obama salvou a economia do colapso e que a recuperação se começa a fazer sentir. O seu discurso é tanto mais persuasivo quando os Republicanos o têm elogiado repetidamente, num arriscado esforço para estabelecer o contraste entre Obama e o bem sucedido Clinton. Muitos comentadores, incluindo Republicanos, admitem que este discurso pode bem ter garantido a reeleição a Obama.
Penso que o impacto destes discursos são manifestamente sobrevalorizados, mas ainda assim, merecem ser vistos. Apesar da artificialidade dos eventos da política americana, em mais nenhum país a democracia consegue ser tão intensamente vivida. Inspirador.
Abaixo podem encontrar os discursos de Michelle Obama e de Bill Clinton.
Penso que o impacto destes discursos são manifestamente sobrevalorizados, mas ainda assim, merecem ser vistos. Apesar da artificialidade dos eventos da política americana, em mais nenhum país a democracia consegue ser tão intensamente vivida. Inspirador.
Abaixo podem encontrar os discursos de Michelle Obama e de Bill Clinton.
Sem comentários:
Enviar um comentário