Na semana passada celebrou-se pelo sul da Europa a "vitória" de Mario Monti e Mariano Rajoy sobre Angela Merkel na última Cimera. O Público intitulava a sua notícia sobre a cimeira "Itália e Espanha vergam Alemanha para proteger o euro".
A necessidade de obter da Alemanha a concordância para a aplicação de medidas é essencial para resolver os problemas da zona euro. Mas não nos podemos esquecer que Merkel está entalada entre uma opinião pública alemã desconfiada das intenções da restante Europa, e uma situação quase catastrófica nas economias parceiras. E por mais que até quisesse avançar com maiores garantias (mas não digo que o queira), teria sempre que lidar com os constrangimentos e as limitações políticas domésticas, esses sim, os maiores inimigos dos líderes do Sul da Europa. Por isso é preciso algum cuidado na mensagem a transmitir após uma cimeira em que se obtém concessões. E o pior que se pode fazer é o que se fez; falar da cimeira em termos de vitórias e derrotas, dando a impresão que se lhes sacou alguma coisa e dando ao eleitorado daquele país todas as razões para os receios que têm. Barroso tocou no assunto num discurso agressivo esta semana no Parlamento Europeu em Estrasburgo exactamente sobre estas mensagens de vitória e derrota após a cimeira. Resultado: a CSU, que é, no fundo, o partido de Merkel (CDU) para a região da Baviera, embora tenha uma estrutura independente, faz ameaças à estabilidade governativa naquele país se Merkel continuar a ceder. 150 economistas, liderados por Hans-Werner Sinn, provavelmente o economista com maior influência na opinião pública alemã, assinam um manifesto contra mais ajudas europeias. O impacto disto é que agora qualquer posterior concessão alemã será ainda mais difícil, pois Merkel fica com ainda maiores constrangimentos políticos domésticos.
Ganhem mais cimeiras sim, mas mantenham a boca fechada no final por favor.
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