Os pilotos da TAP ameaçaram nas últimas semanas com 9 dias de greve, divididos entre Julho e Agosto. Recordemos que estamos em época alta, altura mais importante para os resultados das companhias aéreas. Dado que os rendimentos e benefícios adquiridos dos pilotos dependem directamente da saúde financeira da empresa, esperar-se-ia que estes jamais a pusessem em risco por motivos menores. Ora atentemos nas reivindicações dos dedicados trabalhadores:
Provavelmente será o meu olhar pouco isento e maldoso que vê aqui uma pura e simples chantagem como arma negocial. De acordo com a administração da empresa, cuja primeira fase de privatização deverá decorrer ainda este ano, os prejuízos da simples ameaça de greve ascenderam a 9,7 milhões de euros. Este valor faz qualquer comum cidadão parar para pensar. Por que razão não pararam os pilotos?
Não pararam porque não serão eles a pagar. Em primeiro lugar, esperam, provavelmente com razão, que todo e qualquer prejuízo seja coberto pelo Estado. Não há risco da TAP falir e ficarem sem a sua gorducha carteira de benefícios. Os custos que suportarão enquanto contribuintes ou beneficiários de serviços públicos são magros perante os privilégios assegurados.
Acresce que os prejuízos da empresa só servem para diminuir o valor da mesma. Será menor o encaixe dos cofres públicos. O egoismo dos grupos de interesses como os sindicatos dos transportes, mas também organizações corporativas e associações patronais, não é condenável só moralmente. Tem resultados práticos, são milhões que saem daqueles que, como eu e provavelmente o estimado leitor, sustentam este sistema de rendas e privilégios, todos os dias e todos os meses com os nossos impostos.
Entretanto, já voaram mais 9,7 milhões de euros. Uma gota no oceano.
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