No Expresso de Sábado, Rui Rio, presidente da Câmara do Porto, vem defender-se das críticas que lhe foram feitas no seguimento de umas declarações na Universidade do Poder Local da JSD, em que terá dito:
Rio defende-se no artigo do Expresso dizendo que o que disse não era uma proposta política concreta, apenas o desenvolvimento de uma ideia numa aula. E argumenta:
Endividar em excesso uma autarquia é profundamente antidemocrático, porque retira, a quem a seguir for eleito, toda a capacidade de poder levar cabo as suas legítimas opções políticas. Amarra os próximos às opções dos anteriores, roubando-lhes a liberdade; a eles e aos eleitores.
Embora ache que Rio tenha razão neste último excerto, não me parece que seja retirando a liberdade total aos eleitores (que a exercem através de eleições) que se resolve o problema de lhes ser retirada uma liberdade parcial (pelo excesso de endividamento). E até no regresso ao equilíbrio de contas há decisões políticas a tomar que exigem a legitimidade de eleições.
É um bom argumento de base que leva a uma má conclusão. Interessante é que reflecte uma popular explicação da Economia Política para a persistência de défices públicos. Alberto Alesina e Guido Tabellini propõem num artigo publicado em 1990 mais ou menos a mesma ideia. No seu artigo, existem dois grupos políticos que podem alternar no poder, e que discordam sobre a composição dos gastos do Estado. A conclusão é que quem está no poder a cada momento, sabendo da possibilidade de ser substituído por um adversário, deixa défices de modo a que o sucessor não tenha tanta margem para gastar nas políticas que prefere. Rui Rio, apesar de ter deixado a Faculdade de Economia do Porto há décadas, parece manter-se atento à literatura académica.
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