
Tenho acompanhado com algum desalento a campanha para as eleições presidenciais. Não irei gastar mais do que esta frase com o candidato "Coelho ao Poleiro" e Defensor de Moura, cujas mensagens assentam no ataque pessoal a Cavaco Silva. Francisco Lopes encarna a mais pura das cassetes comunistas, não me custando imaginá-lo a sair de uma câmara de criogenia da cave do Politburo da URSS.
Manuel Alegre representa, na minha opinião já aqui plasmada, o país iludido e apaixonado pela sua própria ilusão, agarrado aos chavões do Estado Social intocável. É esta ilusão uma das causas da situação a que chegamos. A sua campanha é digna do Bloco de Esquerda e o PS só encaixa quando utiliza os seus pit bull.
Depois de uma entrada em falso, Fernando Nobre tem sido uma boa surpresa. Abandonou a mensagem dos "casos", favorecida por Alegre, e tem-se focado na mobilização da sociedade civil para fazer face às seríssimas dificuldades que Portugal enfrenta. Algumas das suas tiradas mais apaixonadas e a roçar a um certo populismo, parecem-me espontâneas, vindas de alguém que conhece bem a miséria e que verdadeiramente sofre com ela.
Seguramente me parece mais genuíno que Cavaco Silva, recentemente convertido ao discurso populista, com desapontantes intervenções sobre a desigualdade dos sacrifícios, sem apontar caminhos mais justos. A habitual postura da "última virgem" honesta e inquestionável não tranquiliza. Compreendo, apesar de tudo, a dificuldade que enfrenta ao querer manter-se um referencial de estabilidade e simultaneamente marcar a descolagem ao governo, necessária para fundamentar as inevitáveis críticas e "puxar de tapete" político que irá acontecer quando o falhanço do actual executivo se tornar (ainda) mais claro, nos próximos meses.
Tendo apenas dois candidatos que não considero aberrações políticas, mas que de uma forma ou de outra ficam aquém do que gostaria, o voto branco tornou-se para mim uma hipótese apetecível. No entanto, após uma rápida reflexão, decidi que vou votar em Cavaco Silva, ainda que sem a convicção com que o fiz há 5 anos atrás. A minha escolha prende-se com uma simples razão. Estou convencido que a nossa situação financeira está longe da resolução e que medidas mais duras são inevitáveis. Nesse momento, a última coisa de que vamos precisar é de ter em Belém mais uma fonte de ruído e instabilidade. O único candidato que me parece entender a real situação de Portugal e que, fora esta tristíssima campanha, tem dado provas de ponderação, é o actual PR. Votarei com a esperança de ter em Cavaco Silva uma voz que irá contribuir para a solução e não para o problema. Se assim não for, as consequências serão bem mais nefastas para o país do que mais uma desilusão pessoal.
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