domingo, 25 de abril de 2010

Sobre o cravo

Sempre me fez confusão a relutância de muitos dos membros do PSD e da totalidade (creio) dos do CDS em usarem um cravo na lapela na cerimónia de comemoração do 25 de Abril. Acho que é só mais um exemplo de uma série de preconceitos que ainda hoje pululam nalgumas mentes e que vêm dos tempos do PREC. Tinha já planeado escrever sobre isto, mas o Aguiar Branco ultrapassou-me (como fez à Esquerda, com um discurso impecável).
O cravo vermelho não é símbolo de comunistas nem de socialistas, não foi criação sua. É o símbolo de um povo que saiu à rua para acabar com uma ditadura e trilhar um caminho novo. Nesse povo havia de tudo, pacifistas, colonialistas, comunistas, socialistas, liberais. A Revolução não é património de nenhum deles, por mais que estes insistam. A Revolução triunfou precisamente por ser maior que a estreiteza das mentes que ainda hoje pregam soluções cuja breve aplicação em Portugal foi desastrosa.
É difícil avançar quando muitos são ainda partes interessadas, participantes activos nos acontecimentos. Mas está na altura de abandonarmos preconceitos dessa altura: ser de direita é uma vergonha, fascistas! o cravo vermelho dos comunas e dos socialistas; só fala de pátria quem foi lavado cerebralmente pela propaganda do Estado Novo. E o pior de tudo são verdadeiros fósseis na Constituição da República que ainda hoje reclama para Portugal um caminho rumo ao Socialismo. Não há que ter medo de questionar este documento, não há vacas sagradas. O cravo é de todos e a Constituição é nossa.

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