terça-feira, 13 de setembro de 2011

Do descaramento

Dizem os detractores do acordo que uma estação emblemática (e suponho que qualquer outra) não deve ser "propriedade" de uma empresa, nem ver a sua identidade comprometida com um nome comercial.
Em abono da verdade sou obrigado a admitir que acho este nome parolo. Mas meus amigos, acordemos, por instantes, para a vida. Estamos a falar de uma empresa com dívida acumulada de centenas de milhões de euros. Falamos de uma entidade pública que recentemente teve de subir as tarifas para toda a população, mesmo os mais pobres, com vista a tapar um bocadinho do buraco. Mas em que planeta vive esta gente que se indigna que esta mesma empresa procure ir buscar dinheiro a um sítio que não seja o bolso dos contribuintes ou dos seus utentes? Estas "elites", que em todas as grandes cidades são mais vezes do que outras forças de bloqueio e de defesa de interesses instalados, terão noção de que não temos dinheiro infinito? Terão a clarividência de que os milhões da PT, que tanto desprezam, terão de sair de outro lado? Claro que contra-argumentarão: aumentem-se os impostos à PT!
Acho que a vaidade dos que se afirmam como defensor dos mais fracos expõe um impressionante descaramento e hipocrisia. Pensam sempre nos pobres em abstracto, mas que maçada estas medidas tecnocráticas que lhes aliviam a vida. Espero sinceramente passar em breve pela estação Oriente Vodafone Red, Santa Apolónia Galp Orange e outra qualquer cor-de-burro-quando-foge. Se isso representar menos impostos (ou agravamento menor, nos dias que correm) e bilhetes menos caros, serão os mais pobres que ganharão em primeiro lugar. Se os "porcos capitalistas" também ganharem, tanto melhor.

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