
Tenho a convicção, ou pelo menos a fé, que o anúncio deste enésimo PEC foi a gota de água. Não só pela ignomínia que é usar a saúde financeira do nosso país para tacticismo político, assumindo compromissos lá fora para chantagear cá dentro, mas sobretudo por aquilo que representa.
Cada PEC é a admissão da incapacidade em controlar a despesa. Cada PEC, com a sua insistência em mais impostos, é também a admissão da real falta de vontade de cortar na despesa. Cada PEC é a admissão de que este governo não vê o Estado como uma máquina cujo peso a nossa economia manifestamente não consegue suportar.
Precisamos não só de um novo primeiro-ministro, não só de uma nova equipa, mas também de uma nova visão do Estado. O Estado Social não pode ser uma cultura de comodismo e clientelismo. Este sistema travestido de solidariedade, que veio substituir a mesquinhez do Estado Novo, não permitiu que se criasse no nosso país uma cultura de mérito e empreendedorismo (perdoem-me o cliché) que dê aos nossos cidadãos a capacidade de lutar e inovar para mudar de vida. A cultura de solidariedade gerou um sistema, não menos pernicioso que o corporativismo, em que cada facção luta por manter os seus privilégios, sob a máscara de defenderem a solidariedade colectiva.
Felizmente acabou-se o dinheiro. Atingimos o fundo e este é duro. Mas só assim este país pôde acordar e pode agora mudar de rumo. E temos de agradecer aos paladinos do embuste do Estado Social, pois só pelas mãos deles a mensagem podia ser dada com tanta clareza. Obrigado Sócrates, mas já basta.
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