quinta-feira, 10 de março de 2011

Falou bem...

... mas tarde piou.
Cavaco fez na tomada de posse o discurso que devia ter feito há mais de um ano. Pecou, em minha opinão, pela omissão do contexto europeu, quer na origem quer na solução da crise e por ambígua colagem aos movimentos de uma certa juventude, mais preocupada em garantir para si os privilégios insustentáveis das gerações anteriores do que em alterar a nossa filosofia de vida e de carreira. Ainda assim, o Presidente reeleito fez um diagnóstico lúcido dos problemas que enfrentamos e das mudanças que vão ser necessárias. Menos projectos megalómanos e de duvidoso retorno, mais liberdade de iniciativa, mais realismo. Foi de facto um discurso de facção, um discurso sectário. Foi o discurso da facção dos que não vivem no país das maravilhas.
Pena que no nosso país o PR só tenha total independência no segundo mandato, quando já não aspira à reeleição mas sim à história, como bem disse Jaime Gama. Um só mandato presidencial, não renovável, é uma solução bem mais proveitosa no quadro dos poderes que o nosso regime atribui ao PR.
Enfim, antes tarde do que nunca. Esperemos agora que quer Cavaco quer os restantes agentes políticos tirem as inevitáveis ilações do discurso.

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