domingo, 10 de outubro de 2010

Suicídio europeu sim, mas não é de agora

Ouvi o Daniel Oliveira, tal como muitos outros, falar do suicídio que a Europa está a cometer ao adoptar políticas de retracção orçamental, vulgo austeridade. De facto estas políticas, em cima de uma recessão profunda e mal curada, vão empurrar muitas economias novamente para uma recessão, ou prolongar aquelas em que ainda estão.
No entanto, não há alternativa. Os estados europeus estão, em grande medida, endividados até ao pescoço; e as perspectivas são de continuarem a ter de recorrer ao crédito em montantes cada vez maiores. O estado providência vai sorver cada vez mais dinheiro, com cada vez mais idosos e desempregados, para cada vez menos pessoas a produzir riqueza. A discussão não é se os beneficiários merecem ou não os apoios, a questão é não termos dinheiro para os pagar.
O suicídio não é a austeridade agora. O suicídio foram as últimas décadas em que os políticos europeus continuaram a prometer cada vez mais ajudas e não explicaram aos cidadãos que o dinheiro não chega para tudo. Não reformaram o estado social a bem, agora têm de o fazer a mal. As medidas de agora são a tentativa desesperada de salvar algum do, muito necessário, estado providência, numa versão mais magrinha, ou menos obesa. Os paladinos do estado social são, por detrás dos escudos e estandartes, os seus coveiros.
Os empréstimos de hoje são a poupança de amanhã. Neste caso os empréstimos das últimas décadas são a poupança forçada de hoje e da próxima década. Como disse a senhora Thatcher (venha daí o epíteto de neoliberal fascista), o problema do socialismo é que, mais cedo ou mais tarde, acaba-se o dinheiro dos outros.

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