quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Qual é a ideia disto tudo?

Desde a adesão de Portugal à União Monetária, as taxas de juro da dívida pública convergiram com as mais baixas da Europa. Isto aconteceu muito porque o país perdeu o recurso à desvalorização da moeda como forma de reduzir o custo real da dívida (se fizermos com que a moeda valha menos, custa menos pagar os x€ que devemos depois da desvalorização do que iria custar antes). Assim, os mercados financeiros, menos desconfiados sobre esse uso das ferramentas monetárias, puderam cobrar menos pela nossa dívida pública. Recentemente, a situação insustentável para que a dívida caminhava fez com que estes acreditassem ou que o país poderia sair do euro e desvalorizar, ou que poderia não honrar os seus compromissos. Isto fez com que cobrassem uma taxa de juro mais alta. E aqui está uma das diferenças com o período anterior. Se uma consolidação orçamental há uns anos, quando a taxa de juro era baixa e próxima da da Alemanha seria claramente recessiva no curto prazo, agora pode até não ser. A forma pela qual uma redução do défice tem efeitos positivos na economia é porque se fizer reduzir as taxas de juro do país, pode estimular a actividade económica privada o suficiente para compensar a descida nos gastos públicos. E infelizmente os últimos tempos construíram uma almofada suficiente para que as medidas de austeridade possam agora fazer regressar as taxas de juro a valores mais agradáveis.

De qualquer forma, dado o restante contexto do país (justiça, mercado de trabalho e educação), continua a ser mais necessário do que nunca realizar as verdadeiras medidas expansionistas, desta vez, fora dos gabinetes do Ministério das Finanças.

1 comentário:

  1. Enquanto houver gatunos Portugal vai estar na miséria. Morte aos gatunos!

    RIP

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