Desde a adesão de Portugal à União Monetária, as taxas de juro da dívida pública convergiram com as mais baixas da Europa. Isto aconteceu muito porque o país perdeu o recurso à desvalorização da moeda como forma de reduzir o custo real da dívida (se fizermos com que a moeda valha menos, custa menos pagar os x€ que devemos depois da desvalorização do que iria custar antes). Assim, os mercados financeiros, menos desconfiados sobre esse uso das ferramentas monetárias, puderam cobrar menos pela nossa dívida pública. Recentemente, a situação insustentável para que a dívida caminhava fez com que estes acreditassem ou que o país poderia sair do euro e desvalorizar, ou que poderia não honrar os seus compromissos. Isto fez com que cobrassem uma taxa de juro mais alta. E aqui está uma das diferenças com o período anterior. Se uma consolidação orçamental há uns anos, quando a taxa de juro era baixa e próxima da da Alemanha seria claramente recessiva no curto prazo, agora pode até não ser. A forma pela qual uma redução do défice tem efeitos positivos na economia é porque se fizer reduzir as taxas de juro do país, pode estimular a actividade económica privada o suficiente para compensar a descida nos gastos públicos. E infelizmente os últimos tempos construíram uma almofada suficiente para que as medidas de austeridade possam agora fazer regressar as taxas de juro a valores mais agradáveis.
De qualquer forma, dado o restante contexto do país (justiça, mercado de trabalho e educação), continua a ser mais necessário do que nunca realizar as verdadeiras medidas expansionistas, desta vez, fora dos gabinetes do Ministério das Finanças.
Enquanto houver gatunos Portugal vai estar na miséria. Morte aos gatunos!
ResponderEliminarRIP