quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Europeus, tirem a cabeça da areia

A propósito da greve geral em França contra o aumento da reforma dos 60 para os 62 anos (!), convém lembrar algumas coisas.
Os países europeus têm, ao longo das últimas décadas, optado por um estado providência mais forte, com mais garantias para desempregados, pobres e reformados. Esta opção tem como consequências um maior peso sobre os cidadãos que trabalham e contribuem para os fundos da segurança social, retirando algum dinamismo e afectando negativamente a taxa de crescimento da economia. No entanto, é uma opção inteiramente legítima que não vou aqui analisar criticamente. Podemos optar por sermos menos prósperos mas com uma maior segurança.
Mas é objectivo que somos cada vez menos a trabalhar e portanto a contribuir, que vivemos cada vez mais anos e portanto estamos mais anos a usufruir dos benefícios. Portanto é evidente que um sistema que podia ser solvente quando esta realidade era diferente não o pode continuar a ser. Assim, se queremos continuar a gozar das regalias vamos ter de nos convencer a trabalhar mais um bocadinho.
O caso francês é particularmente escandaloso pois os seus líderes convenceram a população que podiam trabalhar menos, reduzindo a semana de trabalho e a idade da reforma, e podiam receber cada vez mais benefícios. A ilusão é tamanha que conseguem paralisar um país com um aumento da idade da reforma em dois anos, faseado ao longo de oito anos e que mesmo assim ficará 5 anos abaixo da alemã (que será de 67 anos).
Há alguém com os olhos verdadeiramente abertos que ainda acredite ser possível manter os actuais benefícios e trabalhar cada vez menos? Não há almoços grátis. Impressionante a arrogância de muitos europeus que olham com desdém para os americanos (e para os alemães) que estupidamente insistem em trabalhar mais horas por semana, mais anos da vida, pauvres idiots.

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