sexta-feira, 18 de junho de 2010

O que é que isso interessa?

O Parlamento vai aprovar hoje um relatório que, sem usar o verbo mentir, chama de mentiroso ao primeiro-ministro. Mais ainda, diz que a mentira ocorreu em plena sessão da Assembleia da República. Bem sei que a crise não permite (?) a realização de eleições, que se deve manter a estabilidade por mais podre que seja, que o PSD quer mais tempo para se preparar. Mas se ao longo dos últimos anos não se tivesse assistido ao forrobodó de poucas vergonhas que sabemos as coisas não poderiam ficar por aqui. Se ao primeiro-ministro ainda restasse um pingo de vergonha, um vestígio de noção de honra, ele não acataria um rótulo de mentiroso. Seria consequente e demitia-se. Se a oposição também se orientasse por mais do que calculismo de curto-prazo responderia a esta não-demissão com uma censura ao governo.
Como vivemos no país do "e daí", tudo segue como se nada se passasse. O parlamento chama mentiroso ao líder do executivo, este assobia para o lado e pronto. Falta pouco para passarmos a fase seguinte, mais comum nas autarquias: "ele rouba mas faz!".

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