Vítor Constâncio, actual governador do Banco de Portugal (BdP), foi escolhido para a vice-presidência do Banco Central Europeu (BCE). O país está feliz. Não pela vitória diplomática (que o foi), mas pela partida do Sr. Constâncio para Frankfurt. O governador conseguiu que a passagem por este cargo, o topo da carreira de um economista dentro de portas, ficasse marcada por sucessivos disparates a começar pela estimativa do défice de 2005.
O Sr. Constâncio participou na fantochada promovida pelo actual primeiro-ministro quando chegou ao poder. Estabelecendo um falso paralelo com o pedido de Durão Barroso, que havia pedido ao BdP para CALCULAR o défice do ano anterior, José Sócrates pediu ao mesmo BdP para ESTIMAR o défice de 2005, em Fevereiro do mesmo ano. Nesta brincadeira assumiu-se como pressuposto que todos os organismos públicos teriam todo o dinheiro que pediam, como se não existisse Governo. Dando provas da sua inigualável competência o Sr. Constâncio apresentou uma estimativa com direito a precisão até à centésima. Depois disso, enquanto responsável máximo pela supervisão dos bancos, presidiu aos sucessivos escândalos de três letras: BCP, BPN e BPP que afundaram a reputação do BdP, razão pela qual o Sr. Constâncio resolveu partir para o BCE.
Ironia das ironias, irá ficar com o pelouro da supervisão financeira (dos bancos, portanto). Imagino que a pasta do apuramento-de-défice-com-base-em-pressupostos-absurdos-para-fins-políticos-pouco-sérios estivesse já ocupada. Curiosidade, o Sr. Constâncio irá suceder a um grego. Esperemos que Portugal não siga o exemplo da Grécia.
Não satisfeito com a saída airosa do cargo que tão mal ocupou, o Sr. Constâncio teve ainda o descaramento de se afirmar "amargurado" por ter sido motivado a deixar o país. É um país em que muita gente perdeu a noção e a vergonha este em que vivemos.
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