Mais um excelente artigo de Pedro Lains no Jornal de Negócios:"O crescimento não vem de reformas, vem do trabalho, do investimento, da tecnologia e da inovação. Ponham em cima da mesa um caso de crescimento com base em reformas estruturais e, quando virem que não conseguem, chegarão à mesma conclusão que aqui se expõe."Também eu andava com vontade de desmontar esta ilusão das "reformas estruturais", mas tenho-me inbido por me sentir tão desacompanhado.
João Pinto e Castro, JugularGosto muito de ver a claque a bater palmas sem saber ao quê; basta que alguém dê uma pequena migalha que lhes permita continuar a fazer de conta que não vêem e a apontar as culpas para fora, como se 12 anos nos últimos 15 não fossem suficientes para podermos atribuir culpas a alguém, e é vê-los a todos a fazer altares para cada ídolo que aparece.
É difícil ver a excelência num artigo que fala de conceitos de diferentes tipos e ordens como se estivessem numa oposição directa. É difícil ver excelência no artigo que termina com uma conclusão tão óbvia e tão banal, que nada permite retirar sobre qual é então o caminho proposto pelo autor, ou exactamente em que é que o caminho criticado não é o que permite que o crescimento venha dessa forma. Aguardo uma crónica sobre futebol de Lains em que explique que as vitórias não vêm da táctica, ou das jogadas estudadas, mas sim dos golos. É também difícil perceber como, sendo o euro uma situação excepcional de integração monetária a nível internacional, não seria necessário uma adaptação das economias às novas circunstâncias, nomeadamente através de alguma flexibilização em áreas da economia, com a perda do instrumento de política monetária autónoma. Se calhar esta última parte só é também difícil porque artigos como este apenas se dedicam a apontar falhas (e não muito bem) mas ficam por nos "iluminar" sobre o que poderia ser diferente.
No fundo, o que é "o trabalho, o investimento, a tecnologia e a inovação", de onde vai aparecer ele, quem são senhores das "reformas" que dizem que não é deles que vêm o crescimento? Ao menos daquele lado vê-se uma opinião, um caminho. O que quer Lains? Um diferente, o mesmo? Porque bate palmas a claque?
(Pedro Lains também podia ter sido mais concreto; criticar um adversário vago é tão mais fácil que enfrentar um texto de um autor bem definido; Paul Krugman é um bom exemplo de alguém que quando critica uma posição, nunca foge de apontar exactamente de quem está a falar e de que afirmações.)
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